Jogar para um futuro melhor

John Wooden foi um grande e reconhecido treinador universitário norte-americano, na modalidade de Basquetebol. Pelas mãos deste mestre passaram atletas que se tornaram lendas desportivas nas suas carreiras profissionais, bem como atletas que, não seguindo a carreira desportiva, se tornaram pessoas empreendedoras na via profissional que escolheram.
O Coach Wooden transmitiu, nas suas obras escritas, uma filosofia muito pr�pria no que respeita à formação desportiva de um jovem. Entre vários conceitos e princ�pios que defendia, destacava-se o facto de nunca se ter dirigido às suas equipas falando em ganhar ou perder. Para Wooden, os actos e a personalidade de um indiv�duo falavam bem mais alto do que aquilo que esse mesmo indiv�duo verbalizava, e o exemplo era a chave do seu sucesso. O seu estilo de liderança contemplava valores �ticos e morais consistentes que, no seu entender, temperavam todas as aprendizagens de carácter t�cnico e táctico dos seus atletas. Nas equipas de Wooden jogava-se para um futuro melhor, centrando as atenções no processo e não tanto nos resultados imediatos.
Apesar de nos conseguirmos identificar de forma pac�fica com princ�pios pedag�gicos que preservem uma formação desportiva equilibrada e que preparam o futuro, nem sempre as acções evidenciam coerência com esses mesmos princ�pios. A evidência disso mesmo � destacada num estudo realizado no âmbito do projecto P�dio para Todos, onde foi intenção dos seus autores caracterizar a prática desportiva juvenil em Portugal. Os autores salientaram que entre 1998 e 2004 não parece ter mudado a preocupação exagerada nos resultados desportivos ? campionite; .
Esta Ã?poca participei, como agente desportivo, num jogo de Basquetebol Feminino protagonizado por jovens de 13 e 14 anos. Todos sabemos dizer que, nestas idades, o divertimento e o prazer, de jogar devem ser os principais objectivos associados à prática desportiva. A verdade Ã? que nesse jogo a alegria não existia, e as jogadoras, à medida que o tempo passava, ficavam mais tensas. Porquê? Na bancada – de onde se esperavam incentivos e um desejo incansável de que as jogadoras se divertissem a jogar- choviam intervenções mais que inoportunas. Os árbitros, manifestando inexperiência e insegurança na sua intervenção, desempenhavam o seu trabalho num clima que mais parecia um jogo de seniores. Ganhar parecia ser tudo naquele jogo Meditando neste episÃ?dio e na conduta do Coach Wooden, podemos lançar a questão: estaremos a jogar para um futuro melhor?
Parece-me oportuno dizer que, tardamos em mudar a nossa cultura desportiva. Por muitos estudos que se façam, por muito que se divulguem os princÃ?pios e os objectivos do desporto juvenil, ganhar continua a ser tudo. Toda esta sofreguidão pela vitÃ?ria parece ter um efeito bola de neve. Senão vejamos: a qualidade de um jogo de jovens muitas vezes Ã? fraca, os aplausos e elogios escasseiam porque apenas se aplaudem os cestos ou os golos (e nem todos os marcam), apenas os mais aptos são referenciados, os Pais insistem em apenas questionarem os filhos sobre a vitÃ?ria e a derrota, a imprensa quando se refere aos jogos de jovens apenas descreve os resultados, …Bom, necessitarÃ?amos de mais umas boas linhas para terminar este relato. De facto, se queremos atrasar o abandono desportivo precoce, se queremos continuar a considerar que a actividade desportiva Ã? uma oportunidade riquÃ?ssima de valorização do jovem, talvez valha a pena reflectir um pouco mais sobre isto. Valerá sempre a pena investir em bons exemplos e boas condutas, jogando sempre para um futuro melhor.

Professor Joao Ribeiro
(TÃ?cnico de Basket do NDAP)

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