O JORNAL DAS CALDAS encontrou nas Caldas da Rainha um ex-presidente da Chapecoense, clube brasileiro que ficou desfeito na sequência da queda do avião que transportava a equipa e comitiva na madrugada de 28 de novembro, perto de Medellín, na Colômbia, provocando a morte a 71 pessoas.
“O meu sentimento é de extrema revolta pela forte negligência que houve neste acidente. Espero que os responsáveis paguem por um erro tão grave e de consequências tão trágicas”, manifestou Nilo Traesel, que foi presidente da Chapecoense em 1995/96 e que atualmente é dentista nas Caldas da Rainha.
O ex-dirigente, de 57 anos, liderou o clube depois de ter colaborado com a direção e com o departamento médico, tendo sido campeão estadual e vencido uma taça. Veio viver para Portugal em 1998 e para as Caldas no ano seguinte, mas não deixou de acompanhar a equipa brasileira à distância “tal como se estivesse em Chapecó”. E se estivesse no Brasil, possivelmente teria ido na viagem fatídica de avião, admitiu ao JORNAL DAS CALDAS.
“Perdi muitos amigos e ex-diretores, com quem tinha falado por telefone momentos antes do acidente”, declarou Nilo Traesel, que se mostra abalado com a situação e espera que a investigação defina os responsáveis.
“O avião estava a trabalhar com o combustível no limite e houve um trajeto mal calculado, porque devia ter sido cumprido com paragem numa escala”, sustentou, considerando também que haverá responsabilidades dos operadores da torre de controlo que devem ser apuradas.
O acidente trará mudanças ao clube, mas o ex-presidente garantiu que a Chapecoense não irá morrer. “Vai manter-se e vai voltar mais forte, porque há uma grande mobilização e união”, relatou, adiantando que ele próprio, à distância, irá fazer parte da nova direção. “Tive uma conversa com o atual vice-presidente, que será certamente o futuro presidente, em que me dispus a participar ativamente na direção. Como ex-presidente sinto obrigação de colaborar”, referiu.
Nilo Traesel foi campeão estadual e ganhou uma taça durante a sua presidência da Chapecoense. O clube cresceu e atingiu um patamar nacional e internacional inesperado. “Na minha altura fui campeão e ganhei uma taça, mas nesta fase o clube estava numa ascendência meteórica, com o carinho da região que adotou a Chapecoense como preponderante para o desenvolvimento da economia”, declarou Nilo Traesel.
O ex-presidente acredita que o percurso será retomado, apesar da tragédia que dizimou quase todo o plantel. “É uma tragédia que comoveu todo o mundo. É necessário chorar os mortos, fazer o luto e acompanhar os familiares, mas também pensar no futuro”, comentou.
Francisco Gomes (JORNAL DAS CALDAS)