Joaquim Evangelista indignado pela Naval ter contratado 26 jogadores

Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), manifesta-se indignado com a contratação de 26 jogadores por parte da Naval no mercado de transferências de inverno.
Em comunicado emitido na passada terça-feira, lembra-se que o clube da Figueira da Foz tem sido notícia nos últimos meses devido a «incumprimento salarial, greves aos treinos, pré-avisos de greves aos jogos, perda de pontos por dívidas a clubes, não cumprimento dos pressupostos financeiros, debandada da maioria dos jogadores, etc».

Comunicado na íntegra:

SJPF indignado com comportamento da SAD da Naval

Há poucos dias, a Sociedade Anónima Desportiva (SAD) da Naval
1.º de Maio anunciou publicamente a contratação de 26 jogadores para atacar a fase da manutenção do Campeonato Nacional de Seniores. Apenas quatro dos jogadores que iniciaram a temporada 2013/2014 continuam ao serviço dessa
SAD.

A medida da SAD navalista, presidida por Aprígio Santos, dirigente que lidera o clube há 23 anos, não deixa de criar espanto e até indignação dado o seu histórico recente. Incumprimento salarial – que levou inclusive ao acionamento do Fundo de Garantia Salarial –, greves aos treinos, pré-avisos de greves aos jogos, perda de pontos por dívidas a clubes, não cumprimento dos pressupostos financeiros, debandada da maioria dos jogadores, etc.

Setenta e quatro credores, a maioria dos quais futebolistas, reclamam em tribunal cerca de 8,9 milhões de euros. A SAD do emblema da Figueira da Foz apenas se propõe a pagar pouco mais de 2,9 milhões de euros e pretende um perdão aproximado de 5,97 milhões de euros.

Segundo a relação de créditos reconhecidos entregue no Tribunal Judicial da Figueira da Foz, no âmbito do Plano Especial de Revitalização (PER), os jogadores de futebol (40) constituem a maioria do grupo de credores da SAD. No total, reclamam uma verba a rondar os 750 mil euros. A SAD da Naval 1.º de Maio pretende pagar apenas 50 por cento do capital em dívida aos jogadores em “suaves” 100 prestações. Os restantes 50 por cento são perdoados. O pagamento dos 50 por cento reconhecidos iniciar-se-á 24 meses após o processo transitar em julgado.

Na prática, estamos a falar de 10 anos e quatro meses para os lesados receberem metade do que têm direito. Como é óbvio, o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), que representa 35 jogadores, votou contra esta proposta – o prazo terminou ontem, segunda-feira, 17 de fevereiro.

Infelizmente este caso não é único. Os PER têm servido, sobretudo, como instrumentos de desresponsabilização, colocam em desigualdade os competidores e frustram os créditos dos jogadores e demais credores. O SJPF repudia esta “espécie de gestão”. Na verdade, refugiados em planos especiais de revitalização, empurram-se as dívidas “com a barriga”, continuam em campo como se nada fosse e descredibilizam competições que deveriam ser justas e iguais para todos os participantes.

É que há quem tenha as suas contas em dia e, por chico-
-espertices alheias, não consiga atingir os seus resultados desportivos, enquanto outros, incumpridores da lei, continuam impunes. As entidades competentes não podem assistir impavidamente a esta situação. Têm obrigação, o dever de agir, de criar condições, à semelhança do que sucedeu em Espanha, para que este tipo de comportamentos seja erradicado e exista igualdade entre os competidores. Em nome da verdade desportiva.

Lisboa, 18 de fevereiro de 2014
Joaquim Evangelista
12:36 – 18-02-2014

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