Face aos condicionalismos à volta deste encontro entre duas equipas que lutam desesperadamente pela permanência na 2ª divisão nacional, começo pela segunda parte e não pela primeira, até porque em relação a esta muito pouco há a dizer.
Não fora a tal segunda metade do encontro, e poderia afirmar que a primeira quase não existira, em termos futebolísticos claro está. Mesmo considerando que a equipa de Fernando Nisa, ter marcado o único golo mesmo à beirinha do intervalo.
Nos segundos 45 minutos houve de facto muita emoção, luta e entrega, embora com ligeiros períodos semelhantes aos do primeiro tempo, em que a bola parecia queimar os pés dos jogadores, fruto talvez das posições que ambos os conjuntos ocupam na tabela, apesar da equipa visitante tivesse mais 6 pontos que os unionistas.
Foi a União da Serra a equipa que mais atacou através do chamado futebol directo, enquanto a Pampilhosa, curiosamente apresentou-se sempre uma equipa organizada com a bola a circular de pé para pé, não deixando de o fazer mais em contra ataque, sobretudo no decorrer da segunda parte.
Foi assim que chegou ao golo mesmo no último segundo da tal primeira parte mal jogada, onde a bola andou mais pelo ar do que rente à relva.
Aliás, o golo só acabou por acontecer, porque se gerou alguma confusão na área à guarda de Róis, depois de a bola ressaltar para Telmo, após boa combinação no lado direito entre Traquina e Bébe.
Antes do único golo na primeira parte, sinal mais para uma outra jogada de contra ataque, esta do lado contrário à passagem dos 39’, em que a saída algo extemporânea de Róis, obrigou Parracho a salvar in extremis o que seria golo certo.
Da parte da União da Serra que tinha entrado melhor no jogo, uma oportunidade logo aos 7 minutos, onde Miguel Pinheiro surgiu a pontapear ao lado após bom trabalho de Zim e Antero do lado direito do ataque serrano.
Uma outra aos 36’, quando Zim primeiro falhou na cara de Eduardo uma bola centrada milimetricamente por Lagoa, naquela que foi uma das melhores jogadas em todo o encontro e como a bola ainda sobrou para Bruno Matias, este praticamente sem ângulo atirou ao poste.
Tal como aconteceu no início do jogo, também no reinício do mesmo depois do intervalo, foi a equipa de Morgado a entrar melhor e sobretudo com outra postura mais consentânea de uma equipa que precisava de ganhar para continuar a acreditar na manutenção. Aliás na minha opinião, este era e foi o jogo do tudo ou nada. Até porque um dos adversários directos (Aliados de Lordelo) tinha ganho ontem surpreendentemente no campo do Padroense e o Pombal outro dos aflitos, também ganhou hoje mesmo, ao Boavista.
Com apenas 2 minutos jogados, na sequência de um livre apontado por Bruno Matias, Marco Aurélio obrigou um defesa contrário a ceder canto. Na sequência do mesmo, Zim cabeceou a bola de cima para baixo no coração da área, mas a bola passou ligeiramente acima da barra de Eduardo.
Depois aconteceu o golo do empate, já Morgado tinha metido toda a carne no assador. Foi à passagem dos 63’, quando Zim ganhou nas alturas uma bola que foi para Tamandaré e este mais lesto que o adversário que o marcava, arrancou um grande pontapé, que bateu inapelável mente o guardião visitante.
Se até a esta altura, já os jogadores da casa acreditavam, até porque com a entrada de Miguel Neves ao intervalo, trouxe não só mais qualidade, como mais confiança transmitida por Luís Morgado, maior foi a crença até ao final.
Curiosamente o golo da vitória unionista, surgiu num lance algo caricato, que acontece por vezes, embora se tenha de dar mérito a Zim que pressionando o defesa adversário, obrigou-o a cometer o deslize de atrasar de cabeça a bola, quando o seu companheiro de baliza já saíra de entre os postes.
Diga-se em abono da verdade que também os homens vindos do centro do país poderiam ter marcado nestes segundos 45 minutos.
Aos 53, Róis teve mais uma saída algo precipitada da sua baliza, com a bola a sobrar para Telmo que de muito longe falhou o que foi um chapéu de abas largas, tão largas que saiu ao lado da baliza. Aos 61’, foi Roberto a deslumbra-se com tão grande oferta na cara de Róis.
Ainda na sequência de um pontapé de canto aos 74’, foi Nelson Sousa a dar o peito (pernas) às balas, num remate de Telmo.
Vitória justa da equipa de Santa Catarina da Serra, mais pela segunda parte, mas sempre com grande réplica da equipa comandada pelo experiente Fernando Nisa.Uma palavra final para o excelente trabalho do jovem árbitro (sempre muito tranquilo) que viajou da capital.
Campo da Portela, em Santa Catarina da Serra
Árbitro: Rui Rodrigues (AF.Lisboa)
U.SERRA: Róis; Lagoa, Parracho, Marco Aurélio (cap.) e Beto; Nelson Sousa, Miguel Pinheiro e João Martins (Tamandaré, 55’), Antero, (Miguel Neves, 45’), Zim (Nelson Brites, 90+1) e Bruno Matias.
TREINADOR: Luís Morgado
PAMPILHOSA: Eduardo; Sarmento, Leitão, Rui Daniel e Galvão; Bébe, Litos e André; Roberto (Hugo, 66’), Traquina (Diogo, 78’) e Telmo.
TREINADOR: Fernando Nisa
GOLOS: 0 – 1, Telmo (45’); 1 – 1, Tamandaré (63’); 1 – 2 Sarmento (83’) na própria baliza.
Disciplina: Cartão amarelo a Lagoa (3´); Traquina (34’), Miguel Neves (69’); Telmo (80’); Marco Aurélio (81’) e Leitão (84’).
Virgílio Gordo