Apesar de a derrota ter sido o desfecho final de um jogo que ficará para sempre no rico historial do popular clube de Santa Catarina da Serra, não é demais realçar a postura de todos os que participaram nesta dificílima deslocação ao Porto e concretamente ao famoso e carismático Estádio do Bessa.
De facto, para quem acompanha há longos anos o futebol nacional, existe qualquer coisa de inexplicável, perante a observação de um estádio em decadência e de uma equipa que embora ganhando com alguma justiça este encontro entre dois clubes que só por simpatia são semelhantes pela presença em simultâneo na mesma divisão. Então relativamente ao número de adeptos, a diferença é abissal, quer no jogo da primeira volta, onde os boavisteiros ultrapassaram a centena e meia, perante talvez de cerca de duas ou três centenas de adeptos unionistas, quer neste jogo disputado num dos estádios do Euro 2004, onde perante seis ou sete centenas de boavisteiros, compareceram meia centena de ruidosos unionistas. Poucos mas bons.
Antes da análise propriamente dita ao que se passou nos 90 minutos, uma palavra ainda para a confraternização entre os adeptos dos dois clubes, sobretudo antes e durante o encontro, pois no final alguns piropos entre ambos a subirem de tom, quase estragavam o clima de festa e a forma exemplar como fomos recebidos, por um dos históricos do futebol português.
Relativamente ao que se passou ao longo da partida, fácil de contar, pois este foi um jogo, que embora tenha sido na maioria do tempo bem jogado e muito disputado, teve raríssimas oportunidades de golo. Ora como os golos são o sal do futebol e só um foi marcado, diga-se com alguma justiça por parte da única equipa que mesmo assim conseguiu duas ou três oportunidades, sobretudo nos lances de bola parada de que dispôs, pouco há a contar em termos de momentos de emoção ou de beleza futebolística.
Outro dado importante, foi a postura das duas equipas em campo. O Boavista como lhe competia a assumir as despesas do jogo, optando o seu treinador por um 4-3-3, com Luís Morgado a tentar surpreender o adversário com os seus jogadores a interpretar de forma exemplar um 4-1-3-2, sobretudo até ao intervalo.
Ora com as equipas encaixadas uma na outra e com ambos os blocos defensivos a sobreporem-se, foi sem surpresa que se chegou ao final da primeira parte, com apenas com dois lances de algum perigo.
Aos 21’ o atento guardião unionista a defender com os pés enviando a bola para canto, num pontapé de Paulo Campos que apareceu solto ao segundo poste.
À passagem da meia hora foi Beré a cabecear com perigo num lance disputado com Marco Aurélio, mas a bola saiu ligeiramente por cima.
Como resposta, a União da Serra só aos 40’ minutos poderia ter causado algum perigo à defesa boavisteira, mas o lance de contra-ataque foi inconsequente.
Certo o resultado de 0 a 0 ao intervalo.
Os segundos 45’ trouxeram mais do mesmo. O Boavista tentando por todos os meios marcar um golo e a equipa de Luís Morgado a lutar muito com grande espírito de grupo, mas impotente a sair para o ataque. A contrapor às cinco ou seis situações de perigo por parte dos visitados, respondeu Nelson Brites a atirar de longe, mas fraco e ao lado.
Com a substituição algo prematura de Zim por Bruno Matias, que ao contrário da maior parte da época parece deixar de ter a influência que já teve, intensificou-se a pressão dos homens de Filipe Gouveia, sobretudo nos cantos e livres laterais.
Ora foi precisamente num desses lances, que surgiria o único golo do jogo. Livre na intermediária unionista do lado direito por Emerson com Hélio a surgir solto na pequena área de Nelson a fazer o que algum tempo se adivinhava, pois Nelson já efectuara uma ou duas defesas de categoria retardando assim a vitória da equipa do Bessa.
Em termos individuais para lá de Nelson, destaque para todo o quarteto defensivo, com Parracho e Marco Aurélio a comandar. No meio campo, João Martins enquanto esteve em campo, destacou-se aqui e ali. Na frente Zim também enquanto esteve em campo, foi dos mais inconformados, tendo inclusive arrancado dois cartões amarelos no início da partida.
Do lado do Boavista, uma defesa com pouco trabalho, mostrando-se sempre intransponível, com Mário Loja e Hélio imperiais. No meio campo Emerson encheu o terreno de jogo, tendo sido o melhor em campo e na frente Beré foi sempre uma referência no seu ataque.
Quanto ao trabalho do jovem conimbricense, só não foi excelente porque aos 74 minutos, Leo Bonfim deveria ter visto o amarelo numa falta dura sobre Antero. Ora seria o segundo e havia ainda zero a zero no marcador.
Estádio do Bessa
ARBITRO: José Pedro Castanheira, de Coimbra
BOAVISTA :Vitor Golas; Fabinho, (Diogo Teixeira, 74’) Hélio, Mário Loja e Leo Bonfim; Nuninho, (Diogo Leite, 81’) Emerson e Renato Queirós (Ruizinho, 59’); Beré, Cadinha e Paulo Campos (cap.).
TREINADOR: Filipe Gouveia
U.SERRA: Nélson Fernandes; Lagoa, Parracho, Marco Aurélio (cap.) e Beto; Nelson Sousa; João Martins; (Antero, 71’) Nelson Brites (Miguel Neves, 86’) e Miguel Pinheiro; Zim (Bruno Matias, 59’) e Tamandaré.
TREINADOR: Luís Morgado
Marcadores: Hélio (78’).
Disciplina :Cartão amarelo a Leo Bonfim, (8’); Cadinha, (26’); Miguel Pinheiro, (29’); Beto (77’); Lagoa (83’).
Virgílio Gordo