Portugal estreou-se no EURO 2024 com uma vitória sobre a Chéquia. A análise do treinador de futebol Laurindo Filho sobre a estreia da seleção comandada por Roberto Martinez. No sábado, Portugal defronta a Turquia, num jogo agendado para as 17 horas, em jogo a contar para a segunda jornada do grupo F.
“Justo, mas desnecessariamente sofrido“
- Estreia vitoriosa da Seleções de Portugal no UEFA EURO 2024
- Perante uma Chéquia a actuar em 1352 com bola e um 1532 sem bola, Portugal protagonizou uma exibição em que foram mais as intenções do que as acções
- Roberto Martinez surpreendeu nas escolhas para o 11 inicial ao optar por Nuno Mendes como DCE e ao lançar Diogo Dalot como ala direito e Cancelo como ala esquerdo
- Inicialmente pensei que Martinez iria dar liberdade a Nuno Mendes para subir no terreno e criar desequilíbrios, mas tal não aconteceu, com claro prejuízo lusitano
- Fase de construção lusa com GR + 3 DC’s + Vitinha + 3 MC’s (Bernardo Silva como MID, Bruno Fernandes como MC e Cancelo como MIE), cabendo a Leão sobre a esquerda e Dalot sobre a direita a largura num ataque cuja suposta referência ofensiva seria Cristiano Ronaldo
- Na fase de criação notou-se liberdade total de movimentos para Cristiano Ronaldo e para os 3 médios que jogavam à frente de Vitinha
- Essa mobilidade não resultou por dois motivos: retirou demasiadas vezes CR7 do corredor central (e próximo da grande área); causou algum caos posicional entre BS, BF e JC
- Esse caos posicional, provocado pela tal mobilidade de movimentos, condicionou o jogo interior português. Numa zona em que supostamente deveriam ter vantagem (4 vs 3) nunca conseguiram associar-se ofensivamente e entrelinhas atrás do trio de médios checos
- Esse caos também retirou protagonismo na criação e na chegada às zonas de finalização a Bernardo Silva e Bruno Fernandes
- Equipa pareceu sempre desconfortável com a arrumação táctica idealizado por Martinez. Isso explica a ausência de movimentos de aproximação no último terço
- Ao mesmo tempo houve falta de largura na chegada às zonas de decisão. Perante um bloco baixo e uma linha de 5 Portugal nunca adoptou posicionamentos que obrigassem ao alargamento da linha defensiva checa e consequente criação de espaços entre alas-centrais ou entre centrais
- Consequência directa da falta de largura: incapacidade total para movimentos de ruptura para ataque à profundidade no último terço
- Etapa complementar não trouxe nada de novo até ao golo da Chéquia
- Golo checo revela passividade defensiva lusitana. Em superioridade numérica dentro da sua grande área jogadores das Quinas focaram-se apenas na bola (deveriam ter tido em atenção bola-espaço-homem)
- Entrada de Diogo Jota fundamental para a reacção lusa
- Com Diogo Jota em campo Cristiano Ronaldo passou a ter mais companhia sobre o corredor central e Nuno Mendes passou a dispor de espaço para subir no terreno quer em apoio, quer em desequilíbrio
- Golo do empate espelha precisamente isso. Nota ainda neste golo para o primeiro momento de temporização com critério de Portugal em todo o jogo (Bernardo Silva) e para o cruzamento de Vitinha num movimento de aproximação a BS a fazer lembrar De Bruyne no Manchester City
- Golo da vitória surge após uma aposta tardia de Martinez em dois desequilibradores, os quais criaram o momento da reviravolta: Pedro Neto e Francisco Conceição
- Vitória justa, mas demasiado sofrida de Portugal, num jogo em que houve mais intenções do que acções
- Cantos curtos não resultaram. Ponto a rever urgentemente dada a importância das bolas paradas numa competição de curta duração
- MVP: Vitinha, o farol do jogo ofensivo português