Diogo Amaro, central de 18 anos, é um dos nomes do momento no bom início de época da Académica. O defesa-central, e irmão de André Amaro, ex-jogador do V. Guimarães transferido para o Al-Rayyan (Catar), agradece a confiança dada pelo treinador Tiago Moutinho, mas denota ambição para chegar mais longe no futebol.
Como se sente neste momento um miúdo de 18 anos que é titular na Académica?
-Sinto-me muito bem. Trabalhei muito na pré-época, este esforço já vinha da época passada, o treinador deu-me confiança e as coisas estão a correr bem.
Apesar de estar na Académica desde os sub-15, foi na Naval que começou a jogar…
-Sim, sou natural da Figueira da Foz e comecei a jogar na Naval. No ano em que a Naval acabou, vim para cá. Quando me mudei, vim como rival da Académica, mas sempre tive ambição de jogar nos seniores e no Municipal de Coimbra. Tornei-me academista.
Tem visto de perto estes anos de menor fulgor da Académica. Como olha a cidade, atualmente, para um clube que está na Liga 3?
-A cidade está a unir-se cada vez mais com a Académica. Estamos a tentar ressurgir, é certo que estamos na pior fase da nossa história, mas a cidade está a apoiar, a levar adeptos ao estádio, e isso é muito bom porque queremos levar a Académica para onde merece.
O objetivo passa, por isso, pela subida?
-O objetivo é tentar terminar nos quatro primeiros. Temos uma Liga 3 muito competitiva e é uma guerra todos os fins de semana para conseguirmos os três pontos. Só depois de ficarmos nos quatro primeiros é que poderemos pensar noutras coisas.
O Tiago Moutinho salvou a Académica na temporada passada. O que trouxe de novo?
-Foi uma lufada de ar fresco. Trouxe novas ideias, uma vontade de trabalhar imensa e queríamos muito safar a Académica da descida. Remámos todos para o mesmo lado, a relação com os jogadores é muito boa e é isso que caracteriza o míster. O espírito de grupo é fantástico, nunca tive um espírito tão bom quanto o deste ano.
Foi com o Tiago Moutinho que se estreou nos seniores. Sente que é uma aposta pessoal do treinador?
-Tenho de estar muito grato ao míster porque foi ele que me meteu lá dentro, mas sinto que tenho trabalhado bastante para isso.
Fora de campo, o que faz o Diogo Amaro?
-Estudo Engenharia Mecânica na Universidade de Coimbra. Não é fácil conciliar com o futebol, não é só treinar de manhã e tenho a tarde livre, como muita gente acha. O futebol exige muito trabalho, o descanso também é trabalho, e se eu conseguir fazer um ano de curso em dois já fico satisfeito. Engenharia mecânica? Os meus pais chamavam-me Zé Botão porque diziam sempre que eu ia ter jeito para a engenharia, porque mexia em tudo. Penso que esta é a engenharia mais abrangente. É importante ter um plano B, pois a carreira no futebol é curta e é importante termos uma solução caso não corra tão bem.
É dois anos mais novo que o André, seu irmão. Ou seja, nunca se cruzavam na formação?
-Chegámos a fazer um jogo ou dois juntos na Naval, depois fomos os dois para a Académica e, aí, nunca nos cruzámos. Temos esse objetivo de jogarmos juntos. Seríamos uma dupla com muita cumplicidade, mas que também iria exigir bastante um do outro.
Esta mudança do André para o Catar está a ser difícil para a família?
-Foi um choque, digamos assim, quando soubemos das notícias, mas apoiámo-lo sempre. Só nós sabemos aquilo que lhe foi apresentado e claro que estamos sempre a apoiá-lo seja a 30 metros um do outro, seja a milhares de quilómetros.
Como é que a vossa família deu dois centrais?
-O meu pai jogou futebol, mas diz-me que era fraco. Às vezes brinca e diz que somos adotados, porque ele era muito fraco. Também era central, até chegou a jogar na Académica, ou a treinar, como ele costuma dizer.
Rúben Dias, o irmão e Ronaldo: referências na posição e na vida
Diogo Amaro olha para o irmão, André, para Rúben Dias e para Cristiano Ronaldo como as grandes referências no futebol. “O meu irmão é por aquilo que ele já atingiu no futebol; o Rúben Dias, porque revejo-me muito pela liderança que tem; e o Cristiano Ronaldo não é central mas é um motivo de orgulho ele ser português. Todos os jovens se reveem nele”, afirmou. Quanto à Série B da Liga 3, o perigo é imprevisível. “É uma guerra todos os fins de semana. Todos os jogos são muito difíceis e vai ser sempre uma luta”, vaticinou.
João Maia (jornal O JOGO)