O Municipal abrantino vestiu-se de gala para a festa da Taça. Fazendo história, o velhinho clube abrantino – o Sport Abrantes e Benfica foi fundado em 1916 -, ganhou com todo o mérito o direito a participar na 1ª eliminatória da Taça de Portugal. No sorteio “calhou-lhe” um osso duro de roer: o Caldas milita na Liga 3 e já leva alguns jogos realizados. O Benfica de Abrantes estreou-se nas competições oficiais precisamente neste jogo.
Após o apito inicial do árbitro do encontro cedo se percebeu que a equipa do terceiro escalão nacional queria resolver a contenda a seu favor o mais breve possível. Numa entrada muito forte empurrou a equipa da casa para as imediações da sua área, obrigando a grande coesão defensiva e elevada concentração.
Os cantos a favor da equipa visitante sucederam-se sem que a equipa de Paulo Seninho encontrasse antídoto para o “espartilho” caldense. Aos oito minutos Luís Farinha rematou forte contra Diogo Barrocas, ganhando mais um canto que voltou a criar dificuldades à defensiva da casa.
Sempre que os benfiquistas ganhavam o esférico as transições não “saiam” e a perda de bola era inevitável. O Caldas colecionava minutos de posse de bola mas o golo também não surgia. Ao quarto de hora de joga já contabilizava cinco pontapés do quarto de círculo.
Aos 19 minutos, Yordi Marcel ganhou toda a ala direita e cruzou para a zona do segundo poste surgindo Vieirinha em boa posição mas atacou tarde o esférico, perdendo-se pela linha de fundo.
Aos 22 minutos um livre à entrada da área dos abrantinos atingiu um jogador da barreira, ganhando altura e saindo. No canto, a equipa de Séninho defendeu bem saindo rapidamente em contra golpe mas sem efeito prático.
Aos 24 minutos, após um livre a meio campo para os donos da casa, o Caldas lançou um rápido contra golpe através de Gonçalo Chaves que entrou na área com a bola “colada” no pé. Leandro Ramos abordou o lance de forma ingénua e o toque no pé do jogador visitante provocou a sua queda e o árbitro não hesitou em apontar a marca da grande penalidade.
Dos onze metros João Rodrigues bateu um infeliz João Rosa que até adivinhou o lado mas foi impotente para parar o remate certeiro. A partir dos 25 minutos o Caldas adiantava-se no marcador, traduzindo o maior pendor atacante.
À passagem do minuto 33 Leandro Borges ganhou a linha de fundo do lado direito e cruzou para Vieirinha ao segundo poste mas não conseguiu dar a melhor direção ao esférico.
No minuto seguinte o Caldas beneficiou dum livre em posição frontal mas André Santos rematou para lá da linha de fundo.
Com 40 minutos jogados, sem que a pressão dos visitantes abrandasse, Leandro teve uma boa iniciativa individual, ganhou metros e serviu João Rodrigues no coração da área. Cabeceou de forma defeituosa, por cima, em soberana oportunidade para bisar.
Aos 42 minutos, na sequência de novo canto, o central caldense Thomas Militão subiu à área contrária para cabecear por cima do travessão. No minuto seguinte Gonçalo Chaves rematou forte, a bola desviou em Toni e João Rosa aplicou-se para defender.
Num segundo remate, o juiz da partida, entendendo que a ação do capitão abrantino foi deliberada e faltosa, apontou de novo a marca de penalti. Decisão que se aceita mas um castigo demasiado severo para a empenhada equipa abrantina.
Gonçalo Chaves não tremeu e enganou João Rosa, elevando a contagem e deixando a equipa de Seninho com um gigantesco desafio para o segundo tempo.
Em cima do apito para o descanso João Marchão ganhou um livre junto à lateral no enfiamento da área. Rui Sousa colocou na área onde estavam muitos abrantinos mas a defensiva contrária resolveu e o juiz da partida mandou toda a gente para o descanso.
Ao intervalo Paulo Seninho deixou João Nogueira no banho e lançou Bruno Gonçalves no jogo, refrescando o ataque. O Sport Abrantes e Benfica apareceu na segunda parte transfigurado para melhor, disputando o jogo pelo jogo, afoitando-se em terrenos mais subidos de forma desinibida. Esta postura deu os seus frutos.
Aos 54 minutos, a equipa da casa ganhou um livre do lado esquerdo do seu ataque e Miguel Seninho assumiu a cobrança. Bateu forte ao primeiro poste onde surgiu Toni a fazer, de calcanhar, um golo de belo efeito.
José Vala de imediato procedeu a ajustes fazendo entrar João Silva para o lugar de Luís Farinha.
Com o jogo a ser disputado em toada de equilíbrio, a equipa abrantina ganhou uma bola no seu meio campo, Miguel Seninho ganhou alguns metros e vendo o adiantamento do guarda redes Rui Oliveira, duns longos 40 metros, executou um chapéu digno de qualquer jogo em qualquer estádio do mundo. Que golão de Miguel Seninho!
Com o Abrantes a chegar ao empate, a equipa de José Vala “abanou” e começou a cometer erros que os abrantinos iam explorando.
Logo após o golo a equipa do Oeste não foi lesta a afastar o esférico na sequência dum canto e Leandro Ramos por pouco não fazia a “remontada”. José Vala não gostava do que via e trocou André Perre por Vieirinha.
O jogo não mostrava indícios de uma equipa se superiorizar entrando até numa toada de equilíbrio, jogando-se muito a meio campo. Nem a tripla substituição operada pelo técnico caldense pareceu alterar a situação.
Já com o espectro do prolongamento a pairar no Municipal de Abrantes, André Perre bateu um canto de forma soberba para a cabeça do central Pedro Gaio. A cabeçada foi defendida por João Rosa para a barra originando novo canto.
João Rosa começava a ser decisivo nos últimos momentos do tempo regulamentar. No último lance, já nos descontos, voltou a ser enorme a defender uma cabeçada de novo de Pedro Gaio, na sequência dum livre. Pouco depois Pedro Ramalho apitava, ordenando o prolongamento de 30 minutos.
No final do tempo regulamentar já vários jogadores de Paulo Seninho acusavam cansaço e desgaste, obrigando o técnico a um verdadeiro exercício de adivinhação no capítulo das substituições.
Aqui começava o calvário da equipa do escalão inferior e com menos tempo de competição. Ainda assim Seninho reorganizava a sua equipa e tentava resistir. Os penaltis poderiam jogar a seu favor…
No inicio do prolongamento, aos 92 minutos, o destino da partida ficou traçado. Januário foi à direita cruzar, João Rosa ficou na viagem e João Rodrigues voltou a marcar, colocando o Caldas , de novo, no comando do marcador.
Depois dum excelente remate de André Perre, Seninho fez entrar Pedro Damas e Zé Pedro duma assentada. Saúda-se o regresso do atacante benfiquista após longo período de recuperação de grave lesão. Saíram, esgotados e com queixas álgicas, João Marchão e Rui Sousa.
Com 105 minutos jogados, o Caldas com a eliminatória ao seu alcance volta a marcar.
Leandro Borges descobre André Perre e este cruzou para a zona fatal. Aí, à ponta de lança, João Rodrigues encostou para colocar o Caldas com dois golos de vantagem.
Após a breve troca de campos o reinício não trouxe nada de novo. Rendidos a um resultado negativo, sem argumentos físico e táticos, os minutos finais foram penosos para a equipa abrantina. O resultado final não deixa espaço para equívocos…
anhou a melhor equipa, o Abrantes apresentou qualidade quando acreditou. O que resulta desta excelente noite em Abrantes foi o regresso a uma normalidade, condicionada, é verdade, mas uma saudade que já não se via há muito. Boa arbitragem com rigor excessivo no segundo penalti. Bom jogo de Taça em que o Abrantes cai de cabeça erguida…
Boa arbitragem num jogo fácil.
mediotejo.net
SPORT ABRANTES E BENFICA 2
João Rosa, Miguel Catarino, Toni, Manuel Vítor (Francisco Pereira), Leandro Ramos, Rui Sousa (Pedro Damas), Diogo Mateus (Sérgio Salgado), Diogo Barrocas, João Nogueira (Bruno Gonçalves), Miguel Séninho e João Marchão (Zé Pedro).
Suplentes não utilizados; Ricardo Canais e Will.
Treinador: Paulo Séninho.
CALDAS SPORT CLUBE 4
Rui Oliveira, Yordi Marcel (André Sousa), Thomas Militão, Pedro Gaio, Vieirinha (André Perre), Luís Farinha (João Silva), Nuno Januário (Vítor Rodrigues), Leandro Borges, André Santos (Marcelo Marquês), Gonçalo Chaves (Paulo Inácio) e João Rodrigues.
Suplente não utilizado: Luís Lopes.
Treinador: José Vala.
GOLOS: Toni e Miguel Séninho (Abrantes), João Rodrigues (3) e Gonçalo Chaves (Caldas).
EQUIPA DE ARBITRAGEM:
Pedro Ramalho, Jorge Roque e João Letras (AF Évora).