Anunciado esta terça-feira como reforço da União de Leiria, o médio Marcos Silva saltou este verão diretamente de uma equipa que caiu aos campeonatos distritais, o Recreio de Águeda, para o Marítimo, emblema que milita há 36 anos consecutivos na I Liga e que agora o emprestou aos leirienses. No entanto, este centrocampista luso-angolano de elevada estatura (1,92 m) não é propriamente um jogador que tenha andado a passar despercebido aos grandes clubes portugueses… e europeus.
Filho de pais angolanos, mas nascido em Almada a 29 de setembro de 1997, cresceu na margem sul do Tejo, entre as zonas de Vale Figueira e Amora, mas pelo meio viveu alguns anos em Manchester. Durante esse período na cidade inglesa, esteve à experiência no Manchester City e no Manchester United. “A minha infância foi muito rica, brinquei muito. Os meus pais são pessoas que prezam muito a importância da família, o meu pai e a minha mãe nunca deixaram que me faltasse nada e estão sempre muito presentes. O meu pai é a minha maior referência, tem um coração grande, e é muito meu amigo, assim como os meus irmãos e a minha mãe”, relembrou ao nosso blogue em outubro do ano passado.
Em Portugal, começou a jogar no Sporting enquanto extremo, mas com o passar dos anos foi derivando para o centro do terreno. Depois passou por Belenenses, Corroios, Amora e Atlético, tendo vivido na Medideira e na Tapadinha não só os últimos anos de camadas jovens como os primeiros enquanto sénior.
No primeiro ano de sénior, no Amora, sofreu uma grave lesão que o afastou dos relvados durante vários meses, mas recuperou a alegria de jogar no Atlético, primeiro na equipa B e depois na equipa principal, tendo contribuído para a conquista do título da Divisão de Honra da AF Lisboa em 2018-19, numa temporada em que foi orientado por Carlos Alves, filho de João Alves, o luvas pretas.
Do segundo escalão distrital lisboeta saltou para um dos clubes mais ambiciosos do Campeonato de Portugal, os açorianos do Praiense, naquela que foi a primeira experiência de Marcos Silva numa ilha. Porém, não jogou tanto quanto gostaria. “Ia com muitas expectativas, sentia que podia e tinha condições de jogar mais e trabalhei sempre com afinco, mas infelizmente joguei menos do que aquilo que estava à espera”, recordou a O Blog do David.
No verão de 2020 chegou a ser anunciado como reforço do Amora, mas voltou atrás e decidiu assinar pelo Recreio de Águeda, não conseguindo evitar a despromoção dos Galos Do Botaréu aos distritais da AF Aveiro. Ainda assim, valorizou-se e conseguiu dar o salto para o Marítimo.
Com 1,92 m, Marcos Silva é “um jogador com alguma estampa física”, conforme se autoavaliou numa entrevista ao nosso blogue em outubro do ano passado. “Utilizar o meu corpo é uma característica positiva, considero-me um jogador polivalente, já joguei a central, a médio defensivo e a médio ofensivo e quando joguei na formação do Sporting era extremo, por isso sinto-me à vontade. Sou uma pessoa ambiciosa e tento sempre trabalhar para melhorar, o clube que me contratar vai contratar um jogador que treina e joga para ganhar”, argumentou o jovem futebolista, que tem feito do futebol a sua profissão apesar de ainda não se ter estreado nas ligas profissionais.
É essa polivalência e ambição que este médio poderá acrescentar à União de Leiria e… aos Palancas Negras. “Como filho de angolanos e sendo detentor do passaporte angolano é legítimo, mas vamos ver o que diz o futuro sobre essa possibilidade”, confessou no ano passado, mostrando que tem uma grande ligação a Angola. “Nasci em Portugal, mas vou a Angola frequentemente, as minhas raízes são todas angolanas. Aos domingos comemos coisas da terra e a maior parte da minha família reside em Angola, por isso sinto muito carinho pela terra mãe”, contou a O Blog do David.
David Pereira (https://davidjosepereira.blogspot.com/