Jogar numa divisão nacional é uma ambição de muitos jogadores… mas fazê-lo aos 43 anos é uma proeza que poucos conseguem. O nazareno Rui Marques renovou ao serviço do Amarense e vai cumprir mais uma época na 2.ª Divisão nacional.
“Enquanto me sentir bem vou continuar a jogar federado”, confidencia Rui Marques ao REGIÃO DE CISTER, revelando que a idade altera as capacidades físicas mas evidencia outras: a experiência. “Já não corro com a mesma rapidez de outros tempos, mas a inteligência permite saber melhor a forma como disputar cada lance”, realça o esquerdino.
O fixo foi o segundo jogador mais velho do País a competir nos escalões nacionais na época 2019/2020 e tem mais do dobro da idade do que metade do plantel. “Muitos deles podiam ser meus filhos”, brinca o “velhote”, como é apelidado carinhosamente pelos colegas. “Pela minha experiência no desporto tento sempre passar algum do meu conhecimento, mas todos os dias aprendo também com eles”, destaca o sub-capitão de equipa, estatuto que lhe foi conferido pela experiência e pela ajuda aos mais novos.
“Por vezes os mais novos falam comigo porque precisam de um conselho pessoal de alguém mais experiente”, sublinha o jogador, confessando o gosto pela competição. “O meu filho mais novo nasceu a uma sexta-feira e ao sábado lá estava de mala feita para mais um sábado desportivo”, conta.
Com 43 anos, e quase tantos anos de desporto como alguns colegas têm de vida, Rui Marques destaca a dedicação e o empenho como pontos fundamentais para o sucesso. “Não tenho maus vicíos e se for preciso abdico de umas férias mais longas só para cumprir os treinos de pré-época”, garante o nazareno, relembrando um episódio quando jogava no Fátima, em que pediu à família que antecipasse o regresso das férias para um jogo de apresentação. “No desporto, assim como na vida, temos que honrar os compromissos e esse é um dos meus princípios de vida”, assegura.
Rui Marques iniciou-se no futebol do Nazarenos, em 1986/1987, passando pelos iniciados do Pataiense e representando o Marinhense no escalão de juniores. Em seniores voltou ao clube da terra e de 1995 a 2003 representou ainda Ginásio, U. Rio Maior e Caranguejeira.
Em 2004 “descobre” o futsal pelas cores do Pederneirense e depois de duas épocas notáveis assina pelo Amarense. Cinco épocas volvidas ruma ao Casal Velho, volta ao Amarense e ainda representa o Fátima durante quatro temporadas até se estabilizar no emblema do concelho da Batalha, clube que representa há duas épocas consecutivas.
Na aventura desportiva, o nazareno destaca o papel da família. “A minha mulher e os meus dois filhos vão ver todos os meus jogos em casa e são o meu grande apoio”, destaca “Ruizinho”, contando que a filha é a sua fã principal. “No fim de cada temporada, a minha filha diz sempre que não vai ser a minha despedida e o facto é que ainda não consegui deixar a bola”, graceja, revelando que há, pelo menos, dez anos que diz aos colegas que vai “pendurar as sapatilhas” de vez.
Como se vê, o dia da despedida tem sido adiado e as velas dos 44 anos vão ser sopradas no próximo mês de outubro ainda como jogador. Enquanto houver “estrada para andar” Ruizinho vai continuar… a fintar o adversário e a idade.
Técnico destaca dedicação e voz ativa no grupo
Num plantel constituído por muitos jogadores jovens, “Ruizinho” é conhecido por ser uma das vozes mais ativas no balneário. “Os colegas sabem que o Rui é um bom conselheiro e muitas vezes falam com ele.
Eu sou um dos que vai ter com ele”, confidencia o técnico Pedro Pipa. “Frequentemente recorro à experiência do Rui para me auxiliar em alguns aspetos do jogo”, revela o treinador que, curiosamente, também é mais novo. “Em treino às vezes entendo baixar o ritmo dele pois a recuperação é diferente, mas em jogo ele joga sempre num ritmo intenso”, sublinha Pedro Pipa, destacando a dedicação do fixo esquerdino.
“O Ruizinho não renovar nunca foi uma hipótese para mim”, remata o técnico, assegurando que o nazareno “é um grande símbolo do clube ”.
Região de Cister