Quando falamos em praticar o Futebol temos a noção de movimento, corrida rápida, domínio da bola e dos adversários, desmarcação, remate pronto e a marcação de golos. Mas, para que tudo isto se faça é pressuposto fundamental, que todos os seus intervenientes (jogadores, treinadores e árbitros) estejam na sua máxima forma e tenham Saúde.
Mas, quando começámos a ser confrontados com o teor de um comunicado da Organização Mundial de Saúde, que revelava a descoberta no dia 31 de dezembro de uma nova pneumonia de origem desconhecida na cidade chinesa de Wuhan de 11 milhões de habitantes, com a existência progressiva de dezenas de mortos, ficámos naturalmente preocupados com a situação e refletimos muito sobre as medidas adequadas a aplicar na prática desportiva.
Sensíveis aos valores apresentados diariamente na comunicação social portuguesa, principalmente a do dia 9 de março, em que era indicado o número de casos suspeitos (339) e confirmados (39) de COVID – 19, apercebemos-nos que estávamos a viver uma situação excecional e grave, que pedia evidentemente a aplicação de medidas excecionais, rápidas e eficazes, mas que nos exige também muita lucidez e serenidade e cumprir com o que a ciência nos diz.
Perante a situação conhecida do somatório progressivo de milhares de mortos em muitos países, nomeadamente na Europa, com especial realce para Itália e a Espanha, sabe-se que, nestes casos, tem de ser tomadas medidas de prevenção, e que as mais eficazes foram as mais precoces e principalmente, as percebidas e cumpridas pela população, que estavam relacionadas com o distanciamento social.
Assim, sabendo que, para agirmos eficazmente temos de enfrentar este vírus através do isolamento individual o máximo possível, a direção da AF Leiria em articulação com as restantes Associações Distritais e Regionais de Futebol, baseadas no Plano de Contingência da DGS e da FPF, tomou a decisão no dia 10 de março de suspender a realização de todos os campeonatos, bem como os cursos de treinadores, treinos de seleções distritais e dos árbitros e do funcionamento da sede, tendo por objetivo colocar a Saúde das pessoas em primeiro lugar e reduzir ao máximo os riscos desnecessários.
Apesar destas decisões, temos a noção exata que ainda vem aí tempos difíceis, que vão exigir outras tomadas de decisão mais sérias, que não vão permitir ver resultados imediatos, sendo muito difícil para todos nós, percebermos a nossa responsabilidade neste assunto.
Por fim, neste momento de grande preocupação, não podemos deixar de endereçar um enorme agradecimento a todos aqueles que constituem as equipas de Saúde e das forças da Segurança do país, porque vão ter pela frente um importante e difícil “jogo”, já que colocam as suas vidas em risco para nos salvar a todos e permitir que se possa continuar a jogar Futebol de forma segura e alegre no futuro.
“O Futebol neste momento conta zero, tendo em conta a tragédia que se desenvolve na frente dos nossos olhos” (Carlo Ancelloti – treinador do Everton).
Manuel Mendes Nunes (Presidente da AF Leiria)
Opinião I Parar o futebol, com saúde
18 Março 2020 Cid Ramos