
Sindicato dos Jogadores deu conta esta quinta-feira de mais uma situação muito delicada no Campeonato de Portugal. Depois de denunciar salários em atraso no Vilafranquense, revelou a situação dramática de Adelaja, jogador que alinha atualmente no Fátima e que não recebe ordenado há seis meses.
“Há quase seis meses, quando estava no União da Madeira, deixei de receber o meu salário. Acabei por abandonar o clube em janeiro e fui para o Fátima um mês depois, na esperança de que a situação mudaria. Tenho uma filha de dois anos e a minha esposa”, conta o avançado nigeriano.
“Quando a minha filha via alguma coisa, queria comprar-lhe, mas não podia porque não tinha dinheiro comigo. Eu dizia à minha mulher que não a deixasse ver, porque não tinha dinheiro no meu bolso. Eu estou bem, mas quando não tens dinheiro para sustentar a tua própria filha, isso deixa-te em baixo. Durante três semanas não parei de chorar e pensava: “como é que eu vou tomar conta da bebé e da minha mulher?” Eu tenho responsabilidades, mas os dirigentes não quiseram saber disso”, continuou Adelaja, citado pelo Sindicato dos Jogadores, a quem agradece. “Estou muito agradecido ao Sindicato dos Jogadores por me ter ajudado nesta fase. Com esta assistência que estou a receber, sinto que o Sindicato se preocupa realmente com os jogadores. O que vocês estão a fazer neste momento é “salvar vidas”. Aconselho outros jogadores que estejam a passar pelo mesmo a procurar a vossa ajuda”.
“A situação do Adelaja choca-nos por dois motivos. Por um lado, porque se trata de um jogador estrangeiro que está em Portugal e que não tem outro tipo de rendimentos, e por outro, revela que são vários os clubes neste escalão competitivo que não podem continuar a viver acima das suas possibilidades. São necessários mecanismos de fiscalização mais apertados e é preciso que os jogadores tenham a coragem do Abraham e que denunciem estes casos, exigindo responsabilidades aos clubes”, aponta Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato.
Adelaja, 31 anos, representou em Portugal Farense, Mafra, Lusitano VRSA, União da Madeira e Fátima, onde leva quatro golos marcados em oito jogos. Garante que vai continuar. “Tenho expetativa que o clube resolva os problemas e que consiga pagar os salários em atraso aos jogadores nas próximas semanas”.
Jornal O JOGO