O Atlético Clube da Sismaria garantiu um lugar na fase de subida à 1.ª Divisão de andebol e o treinador acredita que as estrelas estão alinhadas.
Faltam três jogos para concluir a prestação na zona Sul da 2.ª Divisão, mas a equipa sénior de andebol do Atlético Clube da Sismaria tem a primeira parte da missão cumprida. À semelhança do que aconteceu em cinco das últimas sete temporadas, vai disputar a subida à 1.ª Divisão. No entanto, desta vez as expectativas são mais elevadas.
No início da época, Pedro Violante regressou ao clube depois de três anos no Belenenses. E não tem dúvidas em afirmar que este pode mesmo ser o ano.
Garantir o apuramento para a fase final com três jogos ainda por disputar faz parecer que tudo foi fácil.
Começámos a um nível muito alto, acima até do que eram as minhas expectativas, mas este é um campeonato muito longo e a verdade é que trabalhamos num contexto de algumas dificuldades, com quatro jogadores que também são treinadores, três atletas a estudar fora e, até, algumas lesões. A tudo isto podemos juntar o cansaço psicológico que a duração da prova nos ofereceu, pelo que não posso esconder que passámos por uma fase complicada, o que nos dificultou o apuramento, que poderia ter ficado garantido ainda mais cedo.
Até onde pode ir esta equipa?
Esta é, objectivamente, a equipa que ao longo destes oito anos tem mais condições para fazer um resultado relevante. Pela experiência acumulada de uns e pelo percurso de formação de outros, tudo nos indica que teremos uma equipa que, em tese, terá de estar preparada para jogar esta fase final numa situação emocional confortável. Agora, a verdade é que houve oscilações no que concerne à capacidade de treinar e isso poderá fazer a diferença na fase final. O facto de termos conseguido o apuramento a três semanas do início da fase final foi muito bom, porque poderemos preparar o nível de exigência que a fase final nos oferece, designadamente treinar as jornadas duplas, sendo que estes jogos até ao final da primeira fase serão duros, porque iremos treinar com mais carga nas pernas.
O que tem, então, este plantel de diferente dos anteriores?
Mantivemos uma parte da estrutura, que vem de há oito anos. Naturalmente que esses jogadores estão hoje mais capazes do que nessa altura e juntou-se a este plantel uma geração que teve um percurso de formação notável e que passou por experiências competitivas muito interessantes e ao mais alto nível. O Frederico Malhão é disso exemplo. É um jogador de topo a nível nacional, mas sendo o andebol uma modalidade pouco segura decidiu seguir uma carreira profissional noutra área. Se estiver focado ao máximo certamente se destacará. E. claro, é uma equipa que conta com a experiência de Inácio Carmo, um atleta com um currículo impressionante. A integração dele foi extraordinária. Tem uma excelente relação com o grupo e é uma ajuda decisiva.
O que perspectiva para a fase final?
O nosso capitão escreveu no Facebook uma frase que expressa aquilo que penso: para term algo que nunca tivemos é preciso fazer algo que nunca fizemos. Queremos fazer história, é isso que nos motiva, mas vamos ter de trabalhar mais do que em temporadas anteriores. Queremos que o andebol de Leiria se recorde para sempre de nós. Por outro lado, sinto que os adversários, sendo fortes, estarão mais ao nosso alcance do que noutras situações.
Seria o presente perfeito num ano em que a Sismaria comemora o 70.º aniversário.
O clube está numa fase muito entusiasmante. A comemorar o 70.º aniversário, à beira de começar a construção de um pavilhão, e este é mais um desafio. Temos de manter os pés no chão, mas sem perder a ambição. Se estes jogadores forem ambiciosos e quiserem muito ficar na história, estamos na melhor circunstância para poder fazê-lo. Recordo que só por uma vez uma equipa masculina de Leiria esteve na 1.ª Divisão. Foi a Sismaria e há quatro décadas.
E um marco no andebol regional.
Não só no andebol, mas em todo desporto de Leiria. Seria a única modalidade colectiva do concelho de Leiria com uma equipa masculina na 1.ª Divisão. Voltando ao clube, o futuro também está assegurado. Voltámos a ter jogadores nas selecções nacionais, as equipas de formação estão a disputar o acesso às fases finais nacionais e os juniores com muitas possibilidades de subirem à 1.ª Divisão. Se seniores e juniores subirem, a Sismaria integrará o grupo restrito, com FC Porto, Benfica, Sporting, ABC, Águas Santas e Belenenses, de clubes com todos os escalões etários na patamar principal.
Houve uma alteração regulamentar que coloca os dois primeiros da fase final na 1.ª Divisão, mas que também abre uma nova janela aos terceiro e quarto, que irão disputar, em Agosto, um playoff para também poderem subir.
É mais uma perspectiva de sucesso?
É aliciante, mas obriga toda a estrutura do clube a pensar. O nosso campeonato termina a 30 de Junho. Se ficarmos em terceiro ou quarto pressupõe que não se faça pausa. E isso toca logo naquilo que é o ritual normal dos atletas, que por essa altura habitualmente estão a jogar andebol de praia.
Miguel Sampaio (Jornal de Leiria
FOTO: Ricardo Graça