À partida para o jogo de ontem, Jorge Jesus tinha desde logo um grande desafio: como motivar a equipa para defrontar, na Luz, um adversário retalhado, ainda para mais quando as faixas de campeão já estavam entregues? A tarefa não deve ter sido fácil – sim, os chorudos ordenados por vezes não chegam -, mas havia um outro importante objetivo chamado… entrada direta na Liga dos Campeões. E se essa meta afinal foi alcançada, faltou uma atuação acima dos meros “tostões” e, principalmente, golos, pois a vitória pela margem mínima (e à custa de um golo de bola parada) deixou um inesperado rasto de palidez. E depois faltaram também os golos de Cardozo, o tal que a equipa queria ajudar a agarrar o troféu de melhor marcador do campeonato.
O ambiente, diga-se em boa verdade, andou longe de ser o melhor. Em jeito de balanço da época, os adeptos estiveram calados – parte deles nem devem ter visto o encontro, entretidos que estavam com críticas a Luís Filipe Vieira – e foram muitos os minutos em que se parecia estar perante um jogo à porta fechada, daqueles em que tão bem se ouvem os jogadores falar entre si nas quatro linhas.
Sem os castigados Nolito, Javi García e Matic, Jorge Jesus deixou também Gaitán na bancada, dando oportunidade às estreias como titulares de Luís Martins e Yannick Djaló no campeonato. Do outro lado, Dominguez jogou… com o que tinha e, nesse lote, estavam quatro juniores a formar um onze naturalmente de recurso, sem rotinas e ao qual no máximo se poderia pedir atitude.
E se os homens do Lis foram sempre fazendo o possível – era difícil pedir mais do que três passes seguidos em progressão ofensiva -, era ao Benfica que cabia assumir todas e quaisquer despesas do encontro. Na primeira metade, as águias ainda mostraram laivos de bom futebol e, além do golo de livre de Bruno César, podem contar-se mais três grandes oportunidades de golo: duas de Cardozo (3′ e 27′) e outra de Aimar (31′). Pelo meio, todavia, é preciso não esquecer que o Leiria também podia ter dado uma bicada, principalmente naquele lance em que Shaffer disparou ao lado um lance inventado por Barkroth (cedido pelo Benfica), que foi um dos melhores em campo.
Ao intervalo, o 1-0 era escasso e Jesus tinha de mexer; tirou Saviola, mandou entrar Rodrigo, e o Benfica até parecia querer emprestar mais velocidade a um jogo monótono. Oblak, outro dos homens em evidência (também emprestado pelas águias), foi negando tudo o que lhe chegava e o resto tem nome: puro desperdício. Witsel que o diga, tal a forma como atirou para as bancadas o que parecia um golo feito. O problema, pensaram os adeptos, é que este lance já foi aos 81′ e é de facto inconcebível para o Benfica ter o resultado em aberto até ao fim.
Para a história fica o segundo jogo da época em que os encarnados não sofreram golos na Luz – até ontem, só tinha acontecido contra o Sporting – e, claro, os sete milhões de euros já garantidos pela presença na próxima edição da Champions, apesar do pobre resultado. O Leiria, esse, viu agora carimbado o passaporte para o segundo escalão… pelo menos enquanto não for garantida a liguilha.
www.ojogo.pt