Chegou a treinar no Sporting mas não ficou. Vai concretizar um sonho de menino no Benfica, rendendo Moreira, de quem é admirador confesso. Esta é a história de Michael, reforço encarnado. O destino de Michael Rodrigues, Mika, no mundo do futebol, já lhe indicava o caminho da Luz há algum tempo. Nascido em Yverdon, na Suíça, regressou com a família para Pombal, onde começou a jogar e a dar nas vistas. Chegou a ir treinar ao Sporting, mas não ficou, passando em seguida pelo SL Marinha, filial dos encarnados, para uns tempos à experiência até se fixar definitivamente na U. Leiria.
Mas o jovem Michael continuava a sonhar com a camisola encarnada. Nunca escondeu a admiração pelo clube, que vai agora poder representar. Curiosamente, uma das suas melhores exibições na época passada foi justamente diante do Benfica, na última jornada, num empate (3-3) arrancado graças a muito do suor do agora reforço das águias.
Calmo, confiante, brincalhão, diz quem o conhece que raramente perde a têmpera. Mas o dia da estreia na Liga, há duas épocas, foi uma excepção natural. O campeonato caminhava para o fim, num jogo em Leiria com o V. Guimarães, em que Hélder Godinho, habitual número dois, assumia a titularidade devido à ausência de Djuricic. Aos 58 minutos, o guardião comete grande penalidade e o miúdo ainda com idade de júnior ia ter a sua prova de fogo. Entrar em campo não foi fácil, o árbitro embirrou com a cor das meias, teve de voltar atrás para as trocar, e demorou seis minutos para entrar em campo. «Estava na bancada na altura e ele comentou como a situação o estava a enervar. Depois, até nos rimos com o episódio», conta Rúben Brígido, amigo inseparável de Michael desde os juvenis em Leiria, ao Maisfutebol. O resto correu bem. Não defendeu o penalty mas assinou um punhado de boas defesas e foi aclamado no final do jogo.
O Benfica contratou um guarda-redes «tranquilo, corajoso, muito seguro» e capaz de fazer um milagre quando tudo parece perdido. «Com ele estávamos sempre descansados. Sabíamos que ele estava lá, nos piores momentos. Fora dos relvados é uma pessoa fantástica. Um óptimo amigo. Bem-disposto, humilde e responsável. Tenho a certeza de que vai continuar sempre com os pés assentes na terra», continua Rúben Brígido.
Um talento precoce
Aos 16 anos, Michael já treinava com os juniores. Daí aos seniores foi um pequeno passo. «Já nessa altura se destacava. Ainda no primeiro ano de júnior, no ano da subida, foi muitas vezes terceiro guarda-redes do plantel com o Manuel Fernandes», conta o antigo companheiro de quarto. Depois de jogar na Liga, foi sempre a subir. Fixou-se nas selecções jovens, impressionou em Toulon, e segue para a Colômbia, para o Campeonato do Mundo de Sub-20, como «dono» da baliza.
Ídolos? Vários, claro. «Sei que gosta do Casillas. É o melhor na sua posição, não espanta que o aprecie. Tem a ver também com o facto de ser esquerdino como ele», explica o médio leiriense, que já brincou com a situação com o amigo por sms, mas não quer desconcentrá-lo. «Tem de pensar no Mundial sub-20. Não é fácil mas as pessoas não se podem esquecer disso», defende. Entre outros colegas de profissão que admira está, curiosamente, Moreira, que irá substituir na Luz.
Nesta sexta-feira, o controverso João Bartolomeu comparou o jovem guardião a José Mourinho, relembrando a «profecia» que lançou quando este saiu de Leiria. «Vai ser o melhor treinador do mundo e não me enganei.» Disse agora o mesmo sobre Michael. «Por que não? Se trabalhar muito e tiver sorte pode lá chegar», sentencia Rúben Brígido.