De alguns títulos que este jogo importantíssimo para a equipa de Santa Catarina da Serra alcançar o seu objectivo principal que é a ambicionada manutenção, talvez este seja um daqueles que melhor se ajusta com a forma como a equipa serrana deixou fugir 2 pontos preciosos e que talvez se venham a mostrar decisivos para que no final de um equilibradíssimo campeonato, esse desiderato seja uma realidade.
Também o facto de o golo algo fortuito do adversário, ter acontecido no último dos 4 minutos de compensação dados pelo jovem árbitro que viajou da longínqua cidade transmontana de Bragança.
Outro título que se ajustava na perfeição seria por exemplo: Primeira parte soberba da U. da Serra. A razão seria apenas uma. Excelente exibição, coroada com a obtenção do único golo até ao intervalo, marcado pelo oportuno Tomandaré e ineficácia técnico táctica quase total da equipa anfitriã, que não escapou sequer a algumas críticas e assobiadelas de muitos dos seus adeptos.
Encaixando perfeitamente em esquemas tácticos semelhantes, 4 – 3 – 3, com a equipa serrana a funcionar em termos defensivos, numa variante mais próxima do 4 – 2 – 3 – 1, ambos os conjuntos iniciaram o jogo numa atitude de jogar o jogo pelo jogo, querendo ganhar, sendo necessário marcar primeiro.
Talvez tenha sido a igual postura da equipa de Luís Morgado a perturbar o adversário, pois apesar de os 25 minutos iniciais, terem sido repartidos em termos de ambição, bem patenteada nos lances de bola parada com excepção para uma jogada de envolvimento do ataque da equipa visitante aos 17 minutos, em que Tomandaré, Pedro Santos e Bruno Matias, proporcionaram a Parracho um remate com intencionalidade, mas sem perigo.
Quando aos 21 minutos, Tomandaré abriu o activo, após execução de um livre na ala direita do ataque da União, apontado por Bruno Matias, em que a bola foi inicialmente penteada por um defesa bairradino, há largos minutos se adivinhava o golo dos homens de Santa Catarina da Serra.
Se até a essa altura, os comandados de Antero Abreu, tiveram só dois lances de bola parada, semelhantes ao que deu o golo unionista, com o guardião Nelson Fernandes a mostrar toda a atenção, até ao intervalo deixaram pura e simplesmente de ombrear com o perfume do futebol ofensivamente enliante do adversário.
Resultado escasso no final da primeira parte, pois ainda houveram 2 lances em que a equipa visitante poderia ter aumentado a vantagem. Primeiro num contra ataque aos 26 minutos por Bruno Matias e aos 34’ num lance a papel químico do lance do golo, em que Parracho só conseguiu pentear a bola, saindo esta de mansinho pela linha de fundo.
Como é natural e até previsível, para os segundos 45 minutos a equipa anfitriã entrou com outra postura mais pressionante, até porque Antero Abreu depois de já ter feito uma substituição ainda na primeira parte voltou a mexer ao intervalo com a entrada de mais um avançado, André Gonçalo, demonstrando assim algum inconformismo.
Mas este não era o dia perfeito para a sua equipa. Embora os lances de bola parada se sucedessem, pois de bola corrida apenas um lance aos 68, em que André Gonçalo falhou claramente na cara de Nelson uma bola centrada por Diogo André do lado direito do seu ataque.
Perante a maior pressão do adversário e com a necessidade de garantir o que seriam 3 preciosos pontos para sair dos 4 últimos lugares, a equipa vinda do distrito de Leiria, passou a jogar em contra ataque deliberado, reconhecendo que esse factor de intranquilidade se fosse aqui e ali determinante, pala lá do lento andamento dos ponteiros do relógio.
Apenas com dois minutos jogados após o reatamento da partida, excelente jogada pelo lado esquerdo com Miguel Neves a conseguir um pontapé de canto.
Com o jogo a caminhar para o final, o nervosismo foi-se apoderando de ambos os conjuntos. O Anadia, por não se mostrar capaz de ligar uma jogada digna desse tipo de lances, a União por lhe parecer que o resto do tempo para jogar seria penoso, quer em termos físicos, quer psicológicos.
Assim Morgado começou, por retirar Pedro Santos já amarelado e com o terreno de jogo pouco propício à técnica refinada do seu jogador, fez entrar o jovem Fontes, muito mais possante. Aos 75’ entrou outro jovem, Brites para o lugar do já apagado Bruno Matias. Finalmente Zim entrou a 7 minutos do final para o lugar do esgotadíssimo Tomandaré, na minha opinião tardiamente. Sintomática a paragem de Tomandaré à entrada do meio campo adversário, sem qualquer adversário por perto, preferindo esperar pela ajuda tardia, gorando-se assim um dos vários lances de contra ataque da sua equipa.
Outro factor veria a mostrar-se decisivo para o desfecho do encontro, e este seria bem dispensável. Se nos últimos 20 minutos o Anadia conseguiu criar 2 ou 3 lances em que Nelson se mostrou a grande altura sucumbindo apenas no último, à passagem do quarto minuto dado pelo árbitro, com André Gonçalo a marcar um grande golo, tudo se iniciou com um penalty fantasma marcado contra a já desesperada equipa visitante, culminando na injusta expulsão de Parracho. Curiosamente Paulo Adriano na cobrança da grande penalidade fez com que a bola beijasse a parte exterior do poste esquerdo da baliza à guarda de Nelson, escrevendo direito por linhas tortas, como sói dizer-se.
Resultado algo injusto para as cores serranas, pois o Anadia nunca se encontrou como equipa e por um triz que Nelson não impediu o golo do empate no derradeiro segundo do jogo.
Estádio Sílvio Henriques Cerveira em Anadia
Árbitro: Fernando Lopes (AF.Bragança)
Manuel Gama; Nuno Cruz, Nelson Reis, (Vasco, 42’), Paulo Adriano (cap.) e Vitor Hugo; Márito, Éder e Branco (André Gonçalo, 45’); Diogo André (Diogo Ribeiro, 81’), Hélder Ferreira e Bandeira.
TREINADOR: Antero Abreu
Nélson Fernandes; João Magalhães, Parracho, Marco Aurélio (cap.) e Beto; Pedro Santos (Fontes, 58’), Nelson Sousa, e João Martins; Bruno Matias (Brites, 75’), Tamandaré e Miguel Neves (Zim, 83’).
TREINADOR: Luís Morgado
Marcadores:Tamandaré (21’) e André Gonçalo (45 + 4’).
Disciplina:Cartão amarelo a Paulo Adriano (34’); Pedro Santos (39’); Parracho (41’ e 72’); Nuno Cruz (49’); Diogo André (56’); Tomandaré (60’); Nelson Sousa (69’); Fontes (79’); João Martins (85’) e Nelson Fernandes
Cartão vermelho directo a Márito (39’) e a Parracho (72’), p/ acumulação de amarelos.
Virgílio Gordo